Há quem contabilize as horas, os dias, os meses...Eu contabilizo um ano. Passou um ano desde que me mudei a sério para a meca dos casinos no Oriente. Os neons coloridos continuam a acompanhar-me todos os dias, assim como esta língua estranha que custa a entranhar. Os números, um obrigada, um por favor, um desculpe e pouco mais, servem para comunicar. Os papéis escondem-se na carteira com moradas escritas em caracteres chineses para garantir que não me vou perder. Numa península tão pequena duvido que tal acontecesse. Os bairros repletos de lojas, lojinhas ou tendas encavalitadas nas ruas estreitas orientam-me até ao meu destino.
Lá ao longe, do outro lado da foz do Rio das Pérolas, o Cotai (grafia adoptada da junção das palavras Coloane + Taipa) continua em construção. Entre a ilha de Coloane e a ilha da Taipa (que pertencem também a Macau), foi feito um grande aterro que liga as duas ilhas por terra para construir mais casinos, hotéis, centros comerciais e tudo aquilo que emane Glamour e muita nota. Por enquanto, os martelos pneumáticos continuam estridentes, os camiões a circular e lá estão os contentores habitacionais empilhados, que servem de poiso nocturno aos milhares de trabalhadores que por aqui teimam em trabalhar...por meia dúzia de patacas, sujeitos a tudo.
Coloane é o pulmão desta agitada cidade. Trilhos (o mais longo com mais de 8km), ladeados de vegetação, caminhos de terra e pedra, com o mar ali ao lado a bater nas rochas servem para respirar fundo. No mar, a tocar o horizonte estão os barcos de pesca. Quase que cheira a maresia, quase.
O calor, esse, tem sido uma constante desde que cheguei. Parece que não há estações do ano. Calor abafado que me faz transpirar, mesmo estando parada, mesmo estando em casa. Transpiro. Sem ar condicionado não se consegue sobreviver.
Quando o calor é acompanhado de chuvas fortes, repentinas, mais estranho se torna. Estranho para mim, que cresci a ver as folhas a amarelecer, quando começava a escola, e o frio a chegar de mansinho, para ficar durante alguns meses. Ou ver o nascer da primavera a poucos meses de iniciar as férias grandes. Campos verdes, cheios de margaridas e aroma de frescura no ar. Aqui não há nada disso. Nem o cheiro a terra molhada. Bem sei que as estações do ano estão trocadas um pouco por todo o lado.
Faça chuva ou faça sol, os guarda-chuvas serpenteiam pelas ruas. Se para mim é um transtorno andar com guarda-chuva no inverno, menos sentido faz andar com ele no verão. Mas a verdade é que quando chove, tenho mesmo de levar o guarda-chuva a passear. Mas andar com ele quando faz sol, ainda que tórrido, recuso-me.
Se em Roma sê romano, aqui temos de ser portugueses na China :) Já que por cá estou decidi aprender algo que sempre me fqascinou, pela graciosidade dos movimentos: o Tai-Chi. A iniciação a esta arte marcial aconteceu entre Maio e Julho. Durante este tempo, todas as segundas e sextas levantava-me pelas 7h30 para começar a aula às 8h. Apenas aprendi alguns exercícios e questionava-me quando começaria o Tai-Chi a sério. Só agora estou a aprender os 24 movimentos do tai-chi,estilo Chen, tal qual vejo praticar nos jardins. Mas não é nada fácil de aprender. Eu, claro está, tenho a dificuldade da barreira da língua, que me impede de perceber o porquê dos movimentos e assim decorá-los melhor.
Nenhum instrutor fala inglês, sequer. E dos 30 alunos, apenas uma sabe inglês e vai-me ajudando. Gostava de poder estalar os dedos e saber logo fazer tai-chi.
O balanço é positivo. Mas o que gostava mesmo era de poder mudar todos os anos de lugar, de cidade, de país, ou de continente, para ter a oportunidade de conhecer outras culturas e povos.
Agora, por Macau, continua o ciclo e a rotina, por vezes.
ps: muito teria para contar, mas a preguiça aperta comigo muitas vezes. Desculpem lá!
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