Aventura? Sim, posso dizer que sim. E porquê?
(fotos em breve)
A única coisa certa era a vontade de ir ver umas aldeias típicas na província de Fujian, no Sul da China, no distrito de Xiamen, que fazem parte do património mundial da Unesco. A viagem teria de acontecer entre sexta e domingo (Páscoa), já que segunda seria dia de trabalho. E outro pormenor é que não dominamos de modo nenhum o mandarim, apesar do R. ter umas luzes.
Optámos por ir de autocarro, por insistência minha, sei lá porquê, talvez porque soava mais a aventura e porque nos tinham dito que era fácil. O R. foi comprar os bilhetes à estação de autocarros, em Gongbei, Zhuhai, do outro lado da fronteira. Aqui começou o primeiro passo desta aventura. Comunicar com as empregadas da bilheteira não foi fácil e então o R. chegou a casa com um bilhete que afinal não era para o nosso destino, mas sim uns quantos kms (centenas) mais longe. No dia seguinte tivemos de ir mais cedo para tentar trocar os bilhetes, mas apesar de levarmos um papel escrito em chinês por um amigo, a comunicação foi difícil. O melhor foi colocar o amigo no telemóvel e dar o telemóvel à menina da bilheteira. Ufa! Lá conseguimos trocar o bilhete… e ainda nos devolveram a diferença.
A viagem até Zhangzhou, a alguns kms de Xiamen, demoraria 9 a 10 horas, mais ou menos. Era um autocarro-cama, com casa-de-banho (que me recusei a utilizar).
Nesta viagem notou-se bem que a China está em pleno crescimento. O trânsito era intenso e quase só se viam camiões e muitas obras públicas por todo o lado (estradas, etc.) Apesar da viagem ser inicialmente conturbada pelo mau estado de algumas estradas, conseguimos dormir…aliás até demais. Eu estava convicta que iriam acordar-nos para sair no nosso destino….mentira…
O R. lá se lembrou de ir perguntar se tínhamos passado pela cidade onde deveríamos ter saído. Pois é…tínhamos passado a cidade, em cerca de uma hora. Ora aqui está mais um pormenor da aventura. O que fazer agora? Ninguém fala inglês!!! Estamos no meio do nada! Lá nos deixaram na saída da auto-estrada mais próxima. Eu ainda com os olhos colados de ir a dormir e meia atordoada…e opções?!?! Poucas ou nenhumas. Eram cerca de 6h30. Ali perto estavam dois chineses, um deles com mota. Fez 30 yuan para nos levar até Xiamen, onde poderíamos depois apanhar um autocarro para a cidade onde deveríamos ter saído (Zhangzhou). Lá fomos os 3 na mota, sem capacete, a levar com ar frio na cara e, de vez em quando, com o hálito intenso a álcool do motorista. Tudo normal.
Chegados ao destino, necessitávamos de trocar dinheiro para lhe pagar e estava ali um hotel. Que sorte! Boa! A menina da recepção, muito simpática, arranhava um inglês que a muito custo dava para comunicar. A estação dos autocarros estava fechada e o nosso tempo escasseava. Então, decidimos ir de táxi até à tal cidade onde deveríamos ter saído. Foi puxado…200 yuan…mas, até conseguirmos esclarecer qual o local onde queríamos ir, foi um trinta e um. Finalmente, lá fomos. Deixou-nos numa estação de autocarros. Ninguém falava inglês, claro, e o R. de “mandarin phrasebook” na mão tentava comunicar. Eu só assistia. Os chineses muito simpáticos esforçavam-se para se fazerem entender. Quando dávamos conta era um grupo à nossa volta. Falavam e falavam e voltavam a falar em mandarim e nós a desesperar…Até optavam por escrever o que estavam a dizer, mas claro também em mandarim. Pior ainda. Só de rir. Mas no final sempre nos conseguíamos entender. E eles riam-se.
Lá nos metemos num pequeno autocarro a cair de podre para Nanjing de Fujian. Íamos no banco traseiro. No meio da viagem o nosso companheiro de banco decidiu sacar de um cigarro e começar a fumar. Tudo normal. E mesmo com pessoas incomodadas, a ele só lhe faltava assobiar para se fazer de desentendido. Tudo normal.
Esta viagem, que ainda demorou cerca de uma hora e meia, com várias paragens pelo caminho e serpenteando a montanha, levou-nos até à aldeia de Tianluokeng em que existiam as chamadas casas de terra “Tulou”, pertencentes às comunidades Hakka. Bastante turístico, por sinal, o que por vezes irrita um pouco, mas dava para perceber o quotidiano.
Lá fomos, visitámos as casas comunitárias, enormes, redondas ou rectangulares onde vivem várias famílias. No piso do rés-do-chão situavam-se as cozinhas e o pátio, onde uma gorda ratazana se passeava; nos outros andares (segundo e terceiro) situavam-se os quartos. Aqui também passámos por ser uma grande atracção, uma vez que não havia turistas ocidentais. Tirámos fotografias com um grupo de estudantes chinesas bastante entusiasmadas, e com um chinês que pensava que o R. era italiano. Claro que Portugal ninguém sabia o que era, nem onde era.
Cansados, necessitaríamos de regressar à paragem do autocarro, que era sempre a subir. Um aldeão ofereceu uma viagem de mota por 5 yuan cada e lá fomos os três novamente, com a mota a roncar por todo o lado. O Sr. era tão simpático que tentou a todo o custo dizer-nos a que horas passava o autocarro. Eu só sabia dizer “não falo mandarim” e, às vezes, lá me saía uma palavra em português como “não” que ele repetia. Hehehe
Andar novamente naquele autocarro partia-me toda…ai que dores de costas. A dada altura vi fumo a sair algures… mas tive de ignorar…se era dos travões, simplesmente não queria saber…
Nesta nossa viagem conhecemos uma rapariga que sabia falar muito bem inglês. Ela trabalhava num hotel em Xiamen. Que sorte a nossa, pois não sabíamos o horário dos autocarros-cama para regressar e ela ajudou-nos. Pediu, inclusive, aos colegas do hotel para comprarem o bilhete por nós. Só teríamos de levantá-lo ao dito hotel quando chegássemos a Xiamen. Eu pensei cá para mim, “não tarda, chegamos lá e não temos nada”, que é coisa normal acontecer em Macau, ou seja, não cumprirem a palavra.
Mas, mais impressionados ficámos quando chegámos ao hotel. Primeiro fomos para o hotel errado, com o mesmo nome e pertencendo ao mesmo grupo, depois novamente de táxi lá fomos para o outro, onde nos esperava uma Sra. simpática, ocidental, que fez questão em pagar o táxi entre os hotéis. Tinha os bilhetes, pagámos e, no final de tudo, descobrimos que para além de falar inglês e mandarim, era filha de portugueses e arranhava um pouco de português. Foi inesperado.
Depois de jantarmos um hambúrguer num snack chinês chamado “Gomes” (Espantem-se! É o nosso apelido!), partimos de regresso a Zhuhai. O autocarro-cama não era tão bom como o primeiro, mas estávamos tão cansados que dormimos e dormimos. Chegados a Zhuhai, Gongbei, só tínhamos de passar a fronteira até Macau. Nem acredito que com as peripécias todas, no fim, tudo correu tão bem.
Viva Fujian! Vivam os chineses e obrigada a todos os que nos ajudaram nesta viagem!
A única coisa certa era a vontade de ir ver umas aldeias típicas na província de Fujian, no Sul da China, no distrito de Xiamen, que fazem parte do património mundial da Unesco. A viagem teria de acontecer entre sexta e domingo (Páscoa), já que segunda seria dia de trabalho. E outro pormenor é que não dominamos de modo nenhum o mandarim, apesar do R. ter umas luzes.
Optámos por ir de autocarro, por insistência minha, sei lá porquê, talvez porque soava mais a aventura e porque nos tinham dito que era fácil. O R. foi comprar os bilhetes à estação de autocarros, em Gongbei, Zhuhai, do outro lado da fronteira. Aqui começou o primeiro passo desta aventura. Comunicar com as empregadas da bilheteira não foi fácil e então o R. chegou a casa com um bilhete que afinal não era para o nosso destino, mas sim uns quantos kms (centenas) mais longe. No dia seguinte tivemos de ir mais cedo para tentar trocar os bilhetes, mas apesar de levarmos um papel escrito em chinês por um amigo, a comunicação foi difícil. O melhor foi colocar o amigo no telemóvel e dar o telemóvel à menina da bilheteira. Ufa! Lá conseguimos trocar o bilhete… e ainda nos devolveram a diferença.
A viagem até Zhangzhou, a alguns kms de Xiamen, demoraria 9 a 10 horas, mais ou menos. Era um autocarro-cama, com casa-de-banho (que me recusei a utilizar).
Nesta viagem notou-se bem que a China está em pleno crescimento. O trânsito era intenso e quase só se viam camiões e muitas obras públicas por todo o lado (estradas, etc.) Apesar da viagem ser inicialmente conturbada pelo mau estado de algumas estradas, conseguimos dormir…aliás até demais. Eu estava convicta que iriam acordar-nos para sair no nosso destino….mentira…
O R. lá se lembrou de ir perguntar se tínhamos passado pela cidade onde deveríamos ter saído. Pois é…tínhamos passado a cidade, em cerca de uma hora. Ora aqui está mais um pormenor da aventura. O que fazer agora? Ninguém fala inglês!!! Estamos no meio do nada! Lá nos deixaram na saída da auto-estrada mais próxima. Eu ainda com os olhos colados de ir a dormir e meia atordoada…e opções?!?! Poucas ou nenhumas. Eram cerca de 6h30. Ali perto estavam dois chineses, um deles com mota. Fez 30 yuan para nos levar até Xiamen, onde poderíamos depois apanhar um autocarro para a cidade onde deveríamos ter saído (Zhangzhou). Lá fomos os 3 na mota, sem capacete, a levar com ar frio na cara e, de vez em quando, com o hálito intenso a álcool do motorista. Tudo normal.
Chegados ao destino, necessitávamos de trocar dinheiro para lhe pagar e estava ali um hotel. Que sorte! Boa! A menina da recepção, muito simpática, arranhava um inglês que a muito custo dava para comunicar. A estação dos autocarros estava fechada e o nosso tempo escasseava. Então, decidimos ir de táxi até à tal cidade onde deveríamos ter saído. Foi puxado…200 yuan…mas, até conseguirmos esclarecer qual o local onde queríamos ir, foi um trinta e um. Finalmente, lá fomos. Deixou-nos numa estação de autocarros. Ninguém falava inglês, claro, e o R. de “mandarin phrasebook” na mão tentava comunicar. Eu só assistia. Os chineses muito simpáticos esforçavam-se para se fazerem entender. Quando dávamos conta era um grupo à nossa volta. Falavam e falavam e voltavam a falar em mandarim e nós a desesperar…Até optavam por escrever o que estavam a dizer, mas claro também em mandarim. Pior ainda. Só de rir. Mas no final sempre nos conseguíamos entender. E eles riam-se.
Lá nos metemos num pequeno autocarro a cair de podre para Nanjing de Fujian. Íamos no banco traseiro. No meio da viagem o nosso companheiro de banco decidiu sacar de um cigarro e começar a fumar. Tudo normal. E mesmo com pessoas incomodadas, a ele só lhe faltava assobiar para se fazer de desentendido. Tudo normal.
Esta viagem, que ainda demorou cerca de uma hora e meia, com várias paragens pelo caminho e serpenteando a montanha, levou-nos até à aldeia de Tianluokeng em que existiam as chamadas casas de terra “Tulou”, pertencentes às comunidades Hakka. Bastante turístico, por sinal, o que por vezes irrita um pouco, mas dava para perceber o quotidiano.
Lá fomos, visitámos as casas comunitárias, enormes, redondas ou rectangulares onde vivem várias famílias. No piso do rés-do-chão situavam-se as cozinhas e o pátio, onde uma gorda ratazana se passeava; nos outros andares (segundo e terceiro) situavam-se os quartos. Aqui também passámos por ser uma grande atracção, uma vez que não havia turistas ocidentais. Tirámos fotografias com um grupo de estudantes chinesas bastante entusiasmadas, e com um chinês que pensava que o R. era italiano. Claro que Portugal ninguém sabia o que era, nem onde era.
Cansados, necessitaríamos de regressar à paragem do autocarro, que era sempre a subir. Um aldeão ofereceu uma viagem de mota por 5 yuan cada e lá fomos os três novamente, com a mota a roncar por todo o lado. O Sr. era tão simpático que tentou a todo o custo dizer-nos a que horas passava o autocarro. Eu só sabia dizer “não falo mandarim” e, às vezes, lá me saía uma palavra em português como “não” que ele repetia. Hehehe
Andar novamente naquele autocarro partia-me toda…ai que dores de costas. A dada altura vi fumo a sair algures… mas tive de ignorar…se era dos travões, simplesmente não queria saber…
Nesta nossa viagem conhecemos uma rapariga que sabia falar muito bem inglês. Ela trabalhava num hotel em Xiamen. Que sorte a nossa, pois não sabíamos o horário dos autocarros-cama para regressar e ela ajudou-nos. Pediu, inclusive, aos colegas do hotel para comprarem o bilhete por nós. Só teríamos de levantá-lo ao dito hotel quando chegássemos a Xiamen. Eu pensei cá para mim, “não tarda, chegamos lá e não temos nada”, que é coisa normal acontecer em Macau, ou seja, não cumprirem a palavra.
Mas, mais impressionados ficámos quando chegámos ao hotel. Primeiro fomos para o hotel errado, com o mesmo nome e pertencendo ao mesmo grupo, depois novamente de táxi lá fomos para o outro, onde nos esperava uma Sra. simpática, ocidental, que fez questão em pagar o táxi entre os hotéis. Tinha os bilhetes, pagámos e, no final de tudo, descobrimos que para além de falar inglês e mandarim, era filha de portugueses e arranhava um pouco de português. Foi inesperado.
Depois de jantarmos um hambúrguer num snack chinês chamado “Gomes” (Espantem-se! É o nosso apelido!), partimos de regresso a Zhuhai. O autocarro-cama não era tão bom como o primeiro, mas estávamos tão cansados que dormimos e dormimos. Chegados a Zhuhai, Gongbei, só tínhamos de passar a fronteira até Macau. Nem acredito que com as peripécias todas, no fim, tudo correu tão bem.
Viva Fujian! Vivam os chineses e obrigada a todos os que nos ajudaram nesta viagem!
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