“Saibaidii” Laos
O final do triângulo dourado do Mekong
Nesta viagem muitas fotografias ficaram por registar e o primeiro texto escrito desapareceu. Lembro-me de 5 disparos que dei com a máquina, em vão, para captar uma aldeã com dois ratos de campo dependurados e a pedir dinheiro por eles. O nosso guia confirmou que estes bichos comem-se e não tardaria, iam para o tacho. Estávamos perto do almoço, nos arredores de Luang Prabang, no Laos. Visitámos uma aldeia, antes de andar de caiaque. A vida por aqui é pobre, pobre até naquilo que muitas vezes nem imaginamos, como a questão da saúde. Ao entrar numa casa, uma palhota térrea, ampla, de terra batida e com várias camas, ou algo parecido com camas, vimos que estava alguém lá deitado. Uma senhora que estava doente. O nosso guia disse que as pessoas tentam curar-se com mezinhas até à última da hora, até decidirem partir para o hospital. A maioria já não consegue chegar ao hospital. O dinheiro é escasso e consegue-se pela venda de produtos locais, como pequenos animais ou hortícolas.
Esta é uma realidade que seria previsível de encontrar. Agora vamos à parte mais divertida (salvo seja), o caiaque. Remámos uma meia hora, com mudanças e trocas de caiaque pelo meio, mas desistimos… era demasiado puxado para quem passa a vida sentado, sem exercício. Também o trekking, a serpentear pela montanha, foi feito a um ritmo muito lento. Estava demasiado calor e atravessávamos zonas sem qualquer sombra.
Além do caiaque e do trekking, passeamos pelo Mekong para uma viagem relaxante com o pôr-do-sol como cenário e passámos bastante tempo na esplanada à beira-rio junto à nossa guesthouse, para não falar da feirinha de artesanato a perder de vista. E as sandes à moda do Laos deliciavam ao jantar.
Antes de chegarmos a este pequeno cantinho perdido, fizemos uma viagem com algumas atribulações.
De Macau para Banguecoque, de Banguecoque para Udon Thani (no norte da Tailândia). Aqui estava planeado ficar num belo resort antes de seguir para o Laos. Uma noite que se previa retemperadora de energias para entrar na aventura do Laos… mas, claro está, os voos internos atrasam sempre. Chegámos tarde e cansados mas tínhamos o pessoal do resort à nossa espera… o carro em que íamos antecipava o melhor do melhor, mas quando chegámos à nossa cabaninha à beira do lago, percebemos que não tinha telefone. Não podíamos ficar ali sozinhos sem telefone… e se acontecesse alguma coisa? Reclamámos… queríamos ir à recepção, mas não havia… mas que raio!!! Exigimos sair dali para um hotel na cidade. Ainda vimos um e depois outro, onde acabámos por ficar… era urgente descansar!!! Na manhã seguinte teríamos de perceber como iríamos atravessar a fronteira para chegar ao Laos. Fomos de autocarro, depois de tuktuk e atravessámos a fronteira a pé, apanhámos outro tuktuk até chegar a Vientiane a capital mais despoluída do mundo. Na verdade não parecia a capital de um país. Tão sossegado que convidava a uma volta de bicicleta. Muito para ver não havia, mas soube muito bem andar de bicicleta… hum… como gosto pedalar e de levar com o ar na cara. Um ou dois dias por aqui é mais do que suficiente. Até Luang Prabang, fomos de avião, 40 minutos, mas os nossos amigos, com quem nos encontrámos em Luang Prabang, demoraram “apenas” 12 horas de autocarro. Os aeroportos domésticos parecem estações de autocarro. Deste vez, ao contrário de muitas outras viagens, fizemos um seguro, já que o pequenino susto relacionado com saúde que vivemos no Vietname nos alertou.
Terminou esta nossa viagem, depois de muitos templos, monges, Mekong, esplanadas, artesanato e gente simpática!!
Khawp jai «obrigado»
Pequenas curiosidades
*A influência francesa sentia-se nas cidades, casas coloniais e menus em francês. “Ici on parle français” podia ler-se, por vezes, à entrada das lojas.
*Luang prabang – património da Unesco – 26 mil habitantes, contra os 234 mil da capital Vientiane.
*Às 11h da noite encerra a vida nocturna e minutos depois a cidade parece ter avançado umas horas, e as ruas desertas parecem dizer 4h da manhã… nem os bares ficam abertos até mais tarde… aqui levanta-se cedo e deita-se cedo.
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