Pequim (fotos no fim)

Apesar de Pequim ser a capital chinesa (desde 1153), fica distante de Macau (3h30 de avião) e as viagens não são muito baratas. Mas, um ano após os jogos olímpicos decidi ir até lá. Na mala levava algum stress por sair de uma cidade com 500 mil pessoas para entrar numa outra com 17 milhões. Para não falar da língua que me é desconhecida.
Iniciei a viagem de máscara e quando cheguei a Pequim, tirei-a e não voltei a voltei a usar. Andei pelas ruas e no metro e eram raras as pessoas que andavam de máscara. Sentia-me cheia de energia e entusiasmada para ver a Cidade e rapidamente percebi que, apesar de ser de grande dimensão e populosa, é bastante espaçosa. De mapa na mão, sentia que poderia ir a qualquer lugar. No entanto, surgiram-me alguns contratempos: o meu telemóvel pifou…comprei uma bateria , depois quando acabou a energia não dava para carregar… o cartão ficou sem saldo… …comprei um cartão com um número chinês. No meio disto tudo, tive de comunicar com pessoas chinesas, mas valeu-me haver sempre alguém por perto que sabia inglês.
Os bairros
Fiquei alojada em casa de uma amiga, o que ainda se tornou mais interessante, pois consegui sentir a vida da comunidade daquele bairro…os idosos de tarja no braço a dizer algo como “segurança do bairro”, as senhoras dos pés pequeninos, outrora enfaixados, as bicicletas de todas as cores e feitios.
Uma das primeiras mensagens que vi numa montra de uma loja dizia “Foreigner press please help”. Tratava-se de mais um edifício que está prestes a ser demolido, mas o proprietário não quer ir embora. Por norma, julgam que os jornalistas estrangeiros são os grandes salvadores dos seus problemas. Mas o destino está traçado, não se sabe é quando será executada a “sentença”.
Algumas das pequenas casas antigas dos bairros (hutong) sobrevivem, servindo umas ainda como casas de habitação ou de comércio tradicional, outras transformam-se em lojas modernas. Umas das ruas, que pode ser designada de “rua dos 800m”, está repleta de lojas, porta sim, porta sim, durante cerca de 800m. E parece estar a ser uma moda nestas zonas, aumentando a especulação imobiliária. Um ponto menos agradável são as casas de banho públicas que existem espalhadas pela cidade. Conseguem ter um cheiro nauseabundo à distância.
Durante as minhas caminhadas pela cidade, notei que as pessoas são simpáticas, mas não efusivas, pois cada qual vai vivendo o seu quotidiano.
As visitas à turista
Quanto a visitas, visitei a grandiosa praça de Tianamen, onde os fotógrafos locais transportavam uma mala com uma impressora miniatura dentro onde imprimiam na hora as fotos que tiravam. Os chineses são mesmo um povo fantástico para fazer pela vida, para encontrar formas de sustento. Nesse mesmo dia, dei um salto ao “ovo”, que adquiriu este nome pela forma arquitectónica que ostenta, e que é na realidade o Centro Nacional de Artes Performativas. É uma bonita obra de arquitectura! Dei também uma volta por alguns jardins exteriores à Cidade Proibida. Para um dia já chega de visitas e passeios, uma vez que por aqui é tudo tão extenso que quando damos conta já andámos centenas de metros ou mesmo quilòmetros. No dia seguinte, visitei a misteriosa cidade proibida. Estava tanto calor, tanta gente, acima de tudo turistas chineses, que, a dada altura, só queria sair de lá.
Uma viagem de autocarro para lado nenhum
Para chegar mais rápido a casa da minha amiga e descansar, decidi ir de autocarro até ao metro mais próximo. Claro que o bilhete que comprei foi para me perder. Sentia que estava cada vez a afastar-me mais do centro. No autocarro ia de pé e não havia ar condicionado. Eram 14h e nem tinha almoçado ainda. Já estava a começar a sentir-me mal. Até que achei ser melhor sair na paragem seguinte, onde houvesse movimentação de pessoas. De notar que a esta altura ainda não tinha resolvido o meu problema do telemóvel, portanto estava sem possibilidade de contactar quem quer que fosse. Entrei no Mcdonalds para comer algo. Aí, pedi o telemóvel a uns putos para poder ligar à minha amiga e dizer que estava tudo bem. Foram impecáveis. Neste dia quando cheguei a casa da minha amiga, deitei-me para descansar um pouco e dormi que nem uma pedra.
A vida no Templo do Céu
Mais um dia, mais uma visita, desta vez ao Templo do Céu. Para mim, a visita ao templo do céu e jardim envolvente foi revigorante devido à vida social que nele existia e pelo parque de cedros e pequenos pinheiros de perder de vista. Mais tarde, visitei o parque olímpico: cubo de água e ninho de pássaro, enevoados pela poluição e sempre alvo de romaria dos chineses. Depois, seno fácil o acesso por metro, fui visitar um enorme templo budista, onde me colei a uma visita Guida de espanhóis. Ao final do dia há lugar a desporto, como os patins em linha e também manifestações desportivo-culturais ao jeito chinês ao som de música (percussão) ao vivo. Num dia só, penso que andei uns 15km a pé.
A comida é diferente de Macau, mais avinagrada, mas é boa. Mas, o ponto alto foi o restaurante russo, por ser algo diferente para mim.
A frustração da grande muralha
No dia anterior ao meu regresso a Macau, estava prevista uma visita à Grande Muralha. A ansiedade estava ao rubro. O dia acordou bonito. Eu e a minha amiga tentámos procurar um táxi para percorrer os cerca de 80 km até um dos troços da muralha. Grande aventura. Aventura porque pagámos o bilhete de entrada, o bilhete do teleférico e ao, chegarmos lá, fomos avisadas que, por causa da trovoada, teríamos que esperar. Ora decidimos reaver o dinheiro do teleférico e subir uma longa escadaria até à muralha. A tarefa não se adivinhava fácil, mas haveríamos de conseguir. Mas o tempo começou a agravar-se e já devíamos ir quase a meio do caminho. Agravou de tal maneira que escureceu e começou a chover…tivemos que voltar para trás…chovia imenso e era preciso descer com cuidado para não escorregar. Não havia guarda-chuva….chegámos perto de uma barraca encharcadas e onde os espertos dos chineses já estavam a vender guarda-chuvas e capas de chuva.
Comprámos umas capas para seguir até ao táxi. Definitivamente, a visita à muralha ficou adiada até um dia, um dia…. A roupa foi secando no corpo até chegarmos à capital, onde se notava também os efeitos do mau tempo, com algumas ruas inundadas.
O distrito das artes
No último dia, fui visitar o distrito das artes chamado 798, em que alguns pavilhões de fábricas foram transformados em galerias de arte. Ainda se vêem algumas fábricas a laborar. O ambiente é interessante, pois respira-se arte em qualquer ponto. O distrito é grande e o tempo era escasso. Era hora de ir embora. Obrigada à MJB por me ter aberto as portas de sua casa e por me ter mostrado um pouco de Pequim, sem ser de um ponto de vista estritamente turístico. É assim que eu gosto.

Último contratempo: 3 horas fechada no avião no aeroporto por causa de uma tempestade repentina, semelhante à tempestade que apanhei na zona da grande muralha. Com estas 3 horas chegaria a Macau.

1 comentário:

Sónia Castro disse...

Grandes e boas aventuras! :-)
Beijinhos