Ora dá cá um beijinho, repenicadinho (Cebu, Filipinas)
Para quem esperava passar os dias de papo para o ar, com um sol magnífico a aquecer a alma e um mar escaldante de águas transparentes a bater nos pés, enganou-se bem enganadinho! Ir para Cebu City, mais propriamente a ilha lá ao lado, Mactan, não foi a melhor opção. Para além disso, aproximava-se um tufão das Filipinas e, lá diziam os meus tetravós que “quem tem c*** tem medo”. Tínhamos apenas a primeira noite reservada num “hotel” (já explico o porquê das aspas) e íamos depois ver o melhor sítio, com o melhor preço, para ficar o resto das noites. Ao percebermos logo no primeiro dia que não havia praias, mas sim resorts com piscina, poderíamos ter rumado a Malapascua no norte da ilha de Cebu, que parecia ser um destino com praias paradisíacas. Mas para isso teríamos de viajar três horas de autocarro e não sabíamos ao certo se essas três horas não seriam muitas mais. Não sabendo também os estragos que o tufão iria fazer, resolvemos ficar no mesmo lugar. Também poderíamos ter ido de barco para outra ilha próxima, no entanto, eu continuava receosa com a passagem do tufão. Na realidade, o tufão passou no norte das Filipinas e nós estávamos no sul. Apenas sentimos um pouco mais de vento e chuviscos.
Ora, regressando à parte do hotel, reservado pela internet e que dizia que tinha praia a 5 minutos, passo a explicar o porquê das aspas. Não era propriamente um hotel, mas sim uma residência de estudantes com escola de inglês no rés-do-chão. Mas os quartos até eram simpáticos. O pequeno-almoço é que nem experimentámos… como boa escola que era, o pequeno-almoço tomava-se cedo, entre as 7h e as 8h30. Tinha uma piscina…perdão…tanque… Mas digam lá quantas escolas é que têm piscina, hein!? Os estudantes, aparentemente, são provenientes da Coreia, entenda-se do Sul. O pessoal trabalhador era impecável e, claro está, tinham um inglês fantástico.
Precisávamos de ir dar uma volta, de comer, então fomos até ao Centro Comercial mais próximo de transportes públicos, os chamados jeepneys. Param em qualquer lado e são muiiito baratos (0,10€ a viagem). Para os chamar, podemos repenicar um beijo, assim como os trolhas fazem às meninas que passam, e o motorista pára. Este som é usado quando estamos à espera e também serve para mandar parar. Ou então, bater com a moeda no tubo de apoio também é um procedimento. Este barulhinho passa a ser a campainha deste “autocarro”. Nunca ousámos usar o beijinho. Quer dizer, experimentámos num café e o empregado olhou para ver se estávamos a chamar. É isto que gostamos… de nos imiscuir entre o povo, para perceber os seus hábitos. A verdade é que havia muito pouco para fazer e os jeepneys tornaram-se a parte engraçada. O povo era pobre, mas simpático e deixava-se fotografar (na China é uma seca, ninguém se deixa fotografar).
Decidimos então ir ver alguns resorts para perceber qual o que teria melhor praia para nos mudarmos. A dada altura tivemos de ir noutro transporte público, um triciclo, uma bicicleta com sidecar, muito velho e com um rapazola sujo, roto e desdentado, a pedalar. E os miúdos, ao longo da nossa curta viagem, corriam ao nosso lado ou penduravam-se numa total animação. Parámos num resort no meio do nada e estava, literalmente, às moscas. A praia era um bancozito de areia e o mar cheio de algas… não parecia que alguém alguma vez sequer tivesse usado aquela praia. Fomos embora a pé, já que o nosso maravilhoso motorista-pedaleiro foi embora. Mas, mais à frente, encontrámos um grupo de rapazes a jogar ao pião. Há tanto tempo que não lançava um pião e, afinal, consegui à primeira. Enquanto isso, o Rog negociava uma viagem a três numa lambreta para vermos outros hotéis. Sem capacete e de cabelos ao vento, ao final do dia….digam lá que não é romântico!!! Diria mais…invejável. Lá fomos nós…a verdade é que…praia nem vê-la…
Então, já que tínhamos que nos contentar com piscina, optámos por procurar alojamento mesmo em Cebu City, para podermos deambular e visitar a cidade, que também não tinha muito para ver. Uns amigos de Macau também estavam em Mactan e foi com eles que fomos fazer umas visitas em Cebu. Visitámos a basílica de S.to Niño que mais parecia Fátima em dias de romaria. Em todo o lado, viam-se manifestações religiosas: as senhoras que vendiam velas e diziam umas rezas enquanto faziam uma pequena coreografia; queimavam-se as velas e abençoavam-se pelo fogo; o santuário e a basílica sempre cheios. E havia também quem se deliciasse a fumar o seu grande charuto (nas Filipinas também se produzem). O Cristianismo aqui exterioriza-se de forma bastante fervorosa. Para além das manifestações em massa na Basílica de S.to Niño, a missa celebra-se no centro comercial, no cinema, no hotel…não há locais-padrão para dar graças. Impressionante esta devoção religiosa do povo filipino. Para não falar que todos os "fucks" na televisão eram censurados com o tradicional piiiiiii.
Visitámos uma cruz erigida a Fernão de Magalhães, recuperada em 2005 pela Fundação Gulbenkian, e outros monumentos relacionados com este marinheiro que, a mando dos Espanhóis, aqui chegou e aqui morreu, face ao grande guerreiro local, Lapu Lapu.
Não se sentia qualquer insegurança no ar, no entanto, havia alguns cartazes ao estilo “Procuram-se e paga-se recompensa” relativamente a alguns criminosos. É sempre bom conhecer as caras, não fosse um destes fulanos dar-nos boleia.
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