Tanto ando a pé de um lado para o outro que os meus ténis começaram a abrir uma boca de sapo. São tão confortáveis.... "Tenho de encontrar um sapateiro", pensei. Uma vez vi um instalado na entrada de um prédio. "Quando regressar paro aqui". Regressei, mas já nem tenho a certeza se foi pela mesma rua, e não havia sapateiro em lado algum. Hoje, finalmente, encontrei-o. Com mais de 65 anos, olhos muito pequeninos, quase fechados, ar sorridente. Na cabeça, um chapéu com padrão tipo tropa.
Apontei para a "boca de sapo" dos meus ténis. Com um gesto ele disse para me sentar numa cadeira que estava perto. Descalcei-me.

Claro que não parei de disparar a minha máquina, mas pelo facto de ele estar na sombra e ao mesmo tempo a ser iluminado por uma claridade forte, não consegui controlar a luz, reflexo do meu amadorismo. Ao pé cochinho, com carteira à tiracolo, casaco e jornal na mão, máquina na outra, e stressada porque não é fácil conseguir fotografar alguém assim tão perto por estas bandas.
Com um leque de palha abanava o meu ténis para a cola secar, depois com martelo finalizou. O normal para trabalho de sapateiro.
No final ele mostra-me uma nota de 10 patacas (cerca de 1€, o preço de um café aqui), para me indicar o valor. Paguei e pedi para tirar foto. Queria uma de rosto, daquele rosto oriental tão simpático, já que as outras fotos estavam a correr mal, mas ele não autorizou, mas sempre com o seu ar sorridente.

1 comentário:

Cátia disse...

Fabuloso... são experiências únicas!!!

Por aqui pagas rios de dinheiro por uma mensagem aos pés e por essas bandas podes fazê-lo ao ar livre;)

È outro mundo... bem diferente deste!!!

Adorei o vosso passei...do qual me senti fazer parte...

beijinhos grandes