Ai as pernas das meninas!

Ia a pé para almoçar. À minha frente seguia um homem. Comecei a reparar no comportamento dele. Junto à passadeira, enquanto esperávamos pelo sinal verde, olhava de alto a baixo para as raparigas que estavam ao lado dele, meninas de escola, vestidas com uniforme, cuja saia rodada deixava ver as pernas.
Segui sempre atrás dele, uma vez que, por coincidência, ia para os mesmos lados que eu. Continuava a olhar para as pernas das meninas e, inclusive, virava-se para trás. Mas, exclusivamente, para as meninas de escola.
Na paragem do autocarro ficou especado a olhar para as pernas das meninas que iam entrar para um dos autocarros que estava parado.
Até que foi mesmo flagrante no comportamento. Frente ao Mcdonalds parou e ficou especado a olhar para as pernas das meninas que à hora do almoço se juntam para comprar hambúrgueres. Percebi perfeitamente que não estava a olhar para as ementas, mas fixado nas pernas delas.
Cada um com a sua mania! Naquela hora apetecia-me dar-lhe um forte “cachaço”!Cromo!

Retrato



Peguei no bloco e num lápis. Já se sabe que gosto de blocos e, por acaso, lápis também. Comecei a tentar fazer um retrato de uma pessoa que-eu-cá-sei, mas o resultado não tem nada a ver. Quer dizer, a careca acho que está bem retratada:)
Contudo,parece um retrato-robô de um fugitivo...
Mas deu gozo porque testei aquilo que eu conseguiria fazer :))) E o melhor é não pegar em blocos e lápis novamente!

À tiracolo


Uma amiga de Macau perguntou-me porque é que os homens portugueses não transportam as carteiras das namoradas? Eu respondi, naturalmente, que em Portugal isso poderia ser mal interpretado e que as mulheres normalmente gostam de transportar as suas próprias carteiras ou sacos à tiracolo.
Ora, aqui é bastante normal que os namorados, simpáticos e cavalheiros, ajudem as namoradas a carregar os seus sacos, que geralmente são bem grandes e pesados (Imagino!).
Por acaso o saco da imagem é bem pequenito, mas até fica mais sexy :)

Vista...


...Para o Porto Interior, com a China do outro lado (direito) do rio. A fotografia foi tirada na altura do Ano Novo Chinês, por isso se vêem tantos barcos que regressaram a casa para as festividades.

...Para o Centro da Cidade, com a Avenida Almeida Ribeiro (San Ma Lo),umas das mais movimentadas,em baixo. Ao fundo, vê-se o Casino Grand Lisboa que, aliás, vê-se de qualquer ponto de Macau(quase).


*Em ambas as imagens,tiradas com telemóvel de um dos terraços do Casino Ponte 16, inaugurado em Fevereiro,vê-se o tradicional "nevoeiro", "cinzentão", que domina Macau mesmo em dias de calor.

Camilo Pessanha entre Portugal e Macau

Viveu grande parte da sua vida em Macau, onde acabou por falecer, em 1826. A última morada está a dois passos de minha casa, no cemitério S. Miguel.

Falo de Camilo Pessanha, poeta do simbolismo português.

Integrou-se bem na cultura do oriente, comprou arte chinesa, verteu poesia chinesa para a língua portuguesa, viveu com uma concubina local de quem teve um filho.
Foi professor no Liceu de Macau, advogado e jurista.
Mas era considerado por muitos dos colonialistas da altura como um ser estranho, andrajoso, que descurava o trabalho. Tinha um vício - mas muitos na altura também tinham, que era fumar ópio. A saúde era precária o que o levou por duas vezes a Portugal para apanhar melhores ares.
A única obra que permaneceu foi Clepsidra, apesar de ter criado muitas poesias que acabaram por morrer com ele.

Eis um poema que escreveu em Macau:
Vida
Choveu! E logo da terra humosa
Irrompe o campo das liliáceas.
Foi bem fecunda, a estação pluviosa!
Que vigor no campo das liliáceas!

Calquem. Recalquem, não o afogam.
Deixem. Não calquem. Que tudo invadam.
Não as extinguem. Porque as degradam?
Para que as calcam? Não as afogam.

Olhem o fogo que anda na serra.
É a queimada... Que lumaréu!
Podem calcá-lo, deitar-lhe terra,
Que não apagam o lumaréu.

Deixem! Não calquem! Deixem arder.
Se aqui o pisam, rebenta além.
- E se arde tudo? - Isso que tem?
Deitam-lhe fogo, é para arder...

Macau, Julho 1896

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