"Mama, Papa, baby, baby!" (Sri Lanka)

Do Sri Lanka viajou comigo uma família de elefantes em miniatura em ébano. E com eles veio também a ladainha “Mama, papa, baby, baby!”, que repeti em jeito de brincadeira nos dias que se seguiram.

Caos à chegada, viagem de 20Km demora mais de 1h
Na chegada ao Sri Lanka, deparei-me com uma organização, para mim, um pouco caótica, mas os cingaleses entendiam-se muito bem. Tudo tinha que ser organizado por eles porque as dificuldades de quem chega são imensas, como arranjar transporte do aeroporto para a cidade (20km, 1h20, 17€. Sim 20 km demora este tempo todo!). Recorrer a transporte público é difícil, mas ainda bem que não o fiz. Demoraria várias horas, em autocarros “podres”.
O hotel que tinha reservado pela Internet era afinal pior do que parecia. Mas é sempre assim! Depois de deixar a bagagem, e querendo dar um passeio pela capital, Colombo, “fui obrigado” a comprar um tour (7 dias, 6 noites, 475€) pelo Sri Lanka. Eu queria fazê-lo sozinho, de comboio. Ainda bem que não o fiz! De início, tendo em conta que iria visitar os locais que tinha previsto, motorista – suposto guia, que para isso pouco servia –, gasolina, hotéis baratos, até me pareceu razoável o preço, de imediato. Mas, afinal, era caro, segundo o motorista!

Muito simpáticos, mas sempre para ganhar o deles

À saída, fui interceptado por condutores de tuktuk (triciclo motorizado) para me levarem onde eu quisesse. Não sabia para onde ir! Aceitei a proposta de um deles, depois de combinarmos o preço – quer dizer, uma parte dele, porque depois a despesa foi outra, tendo em conta que me aliciou a fazer uma visita guiada pelos principais locais da cidade (1h, 15€). Mais tarde, apercebi-me que era sempre assim: o que se combina de início é sempre susceptível de alteração… sempre em benefício deles. Outra situação, deu-se depois de ter conhecido um moço (que dizia trabalhar no Hilton, ah! ah! ah!) que, simpaticamente, me propôs visitar um mercado que só tinha lugar uma vez por ano. Mais um oportunista que fez uma viagem de borla e mercado não havia. O que ele quis foi meter-me numa loja de venda de pedras preciosas, tal como o anterior, para receberem a sua comissão! Azar… nem um nem outro tiveram sorte! Mas, saiu-me do bolso o transporte (15€). Mas pelo menos, fiquei a saber qual a pedra que corresponde ao meu nascimento: safira branca! He! He! He!
Comer em Colombo só mesmo McDonald’s ou Pizzahut!
O quarto do hotel (***) era velho e malcheiroso. O ar condicionado fazia tanto barulho que para dormir só desligado. Ainda bem que o calor não era muito à noite! Água para beber só da torneira. Não podia deixar de marcar presença a bicharada.

Vai dar-se início à maratona turística!
Pequeno-almoço tomado, eu e o motorista metemo-nos à estrada. Começou a chover! Por pouco tempo. Pensava que iria estar sempre assim porque é época de chuvas. Mas o tempo foi sendo amigo e só chovia quando andava de carro ou de comboio.
Pela estrada, fui começando a comprar algum artesanato. Já um pouco sonolento, o motorista decidiu parar numa “estação de serviço”, quer dizer barraca, para tomar um café. Quer dizer, não era café nem chá, mas era bom, que também provei, por curiosidade. Esta bebida deve ser acompanhada por “jiggyri” (espécie de mel de coco em cubos).

Voltando à estrada, passámos por um camião que transportava um elefante. Parou e resolvi sair do carro para tirar umas fotos. Até me convidaram a subir para o camião, mas no fim… 100 rupias (0,7€) para manutenção do animal. Ora toma!

Anuradhapura – património mundial
Os turistas estrangeiros devem pagar bilhete em determinados locais (2500 rupias, 18€). Optei por não pagar, pois muito ainda havia para visitar. Até porque era fácil entrar pela ‘porta do cavalo’, arriscando-me a ter de pagar se alguém desse conta.
A hora do almoço nunca era certa! Eram cerca de quatro da tarde e a fome apertava! Decidi provar a comida local e fiz companhia ao motorista numa “restaurante” da cidade. Tentei comer devel de frango (prato de arroz acompanhado de vários molhos, com carne ou peixe), mas era demasiado picante. Pedi à senhora que lavasse o frango. Não voltei a ingerir comida local. Outra característica é não haver talheres. Come-se com as mãos… devidamente lavadas antes e depois!

Vai um tombo?
No hotel em que fiquei, um dos funcionários desafiou-me a ir dar uma volta de bicicleta até ao lago. Boa ideia! Não fosse o tombo que dei, a chuva que entretanto começou e ter-me perdido no caminho de regresso quando já anoitecia! Valeram-me umas famílias de pobres que “moravam” perto, em tendas, com cães e tudo. De início, fiquei atemorizado, mas não fossem eles a indicar-me a direcção da estrada, que voltas me faltariam dar?
Costumava retirar-me para o quarto bastante cedo! Acedia à Internet depois de jantar nos hotéis que a tinham. Era a minha distracção nocturna, além do livro que sempre me acompanhou. Ainda bem que era daqueles grossos.

Ao terceiro dia
Que belo acordar! Bater pratos e cheiro a fritos! Estava na hora do pequeno-almoço. 07h00.
Ainda me faltava ir ao Sri Maha Bhodi, o maior santuário budista do Sri Lanka, segundo o motorista. Será? Iria perdê-lo se não insistisse. O santuário está sempre apinhado de gente em peregrinação e é uma área enorme. Não fui a todos os lugares. O tempo urgia!
O almoço do dia anterior levou-me à farmácia comprar Imodium. O picante tinha-me dado a volta ao estômago durante a noite. Venda à unidade: 6 comprimidos, 120 rupias, 0,90€.
Seguia-se a cidade de Mihintale. Património mundial do templo com o mesmo nome da cidade, numa colina e talhado num enorme rochedo.

A caminho de Pollonarwa tivemos de parar para arranjar o ar condicionado. Provisoriamente, ia funcionando, mas, de vez em quando, era necessário dar um toque.
15h00 – Almoço em Pollonarwa. Parecia-me bem: buffet não picante, segundo a empregada. Até era barato, 5€, mas afinal picante. Não comi. A última noite deixou-me um sério aviso. Vai uma sandes e um sumo. No hotel foi à grande e à francesa… um jantar alargado, com tudo a que tinha direito, acompanhado de música (10€). Há três dias que não comia nada de jeito.

Valha-nos o Lonely Planet!
Acordei cedo, ao som da passarada e dos macacos, virado para uma paisagem luxuriante, com um lago ao fundo. Porta da varanda aberta sem vigilância é macaco a entrar no quarto para o gamanço. Estava alertado! No problem!
É preciso continuar! Depois do pequeno-almoço, Siggyria, património mundial. Uma antiga cidade onde se situava o palácio do rei em tempos recuados, séc. V.
Mais uns quilómetros e Dambulla com o seu Golden Temple, que integrava uma dagoba (em cingalês, local onde são guardadas relíquias de Buda) e uma estátua gigante de Buda, ambos em folha de ouro. Também património mundial são os Templos das Cavernas, escavados numa rocha, contendo frescos (quase a desaparecer), imagens etc. Mais um local que o motorista desconhecia. Graças ao guia lonely planet, obriguei-o a voltar atrás, quando já nos íamos embora.
Adiante!

Vai uma massagem?
Parámos num centro ervanário ayurveda. Depois de uma pequena lição sobre as mais diversas ervas e plantas, ao vivo, e algumas massagens com extractos, acabei por comprar alguns produtos naturais (15€), além de pagar as massagens (2€) que não pedi.
Fim da tarde e chegámos a Kandy, cidade património mundial. Check-in no hotel e ida a uma colina onde, além de visitar mais um templo budista, podia ter uma panorâmica geral da cidade.
17h00 – Almoço não tinha havido, além de umas bananas. Comi uma sandes no Centro Cultural de Kandy, à espera de um espectáculo de danças tradicionais (3,50€). Ainda tive possibilidade de visitar o Templo do Dente de Buda (entrada: 3,50€). Estava muita gente. O local onde se encontra o dente é fechado, não se vê. Está coberto por uma dagoba de prata em miniatura. Crê-se que o dente seja apenas uma réplica e o verdadeiro esteja em lugar desconhecido. Até há quem diga que quando os portugueses chegaram, levaram o dente para a Índia e venderam-no lá; depois, outros trouxeram um falso.
Estava com fome e não havia nada que se parecesse com comida ocidental. Apareceu o KFC. Que remédio! Até salivei. A fome era negra. Em todo o Sri Lanka, não me era fácil encontrar
comida ocidental.

Por entre curvas e chá… brrrr

De manhã, fiz uma visita a pé em redor do lago. São uns quilómetros! Os tuktuk é que não largam.
A caminho de Nawara Ellia, sempre a subir e o estômago a dar voltas com as curvas, aproveitei para conhecer o fabrico do chá e as montanhas retalhadas por plantações de chá. Por momentos, recordei os íngremes vinhedos da minha terra natal em época estival, o Douro. Desfiz a memória rapidamente pelo frio que aqui se fazia sentir.
Sendo uma das bandeiras do Sri Lanka, comprei chá verde, até porque, segundo eles, conhecedores ou apenas vendedores, me fará reduzir o nível de colesterol. Hum…

Quatro horas de pé num comboio
Depois de desfrutar de belíssimas paisagens, durante a viagem de comboio que me levou de Nanu Oya até Ella, continuei a assistir ao deslumbramento da natureza, mesmo chovendo e com a neblina a dar-lhe um aparência insondável. Uma viagem nada atribulada, não fosse ter de ir cerca de quatro horas em pé, com um frio como já não sentia desde Dezembro, perto da Serra da Estrela. Um episódio hitchcockiano: no meio da linha, entre os trilhos do comboio, corvos, muitos corvos mataram à bicada uma pomba… e comeram-na, claro! Quase ninguém na estação, eu e um casal de turistas.
Ella, pequena cidade de montanha. Toca a saltar para o meio da linha! Noite cerrada e pouca luz. Mais uma guesthouse, velha, quarto barulhento ou outro onde chove, mas sem mesa-de-cabeceira! O segundo, se faz favor! Valha o frio! Não é preciso rede mosquiteira.

Lhac… que sobremesa “deliciosa”!
Agradável foi o acordar. Que bela vista! A paisagem surpreendia-me sempre, apesar da chuva que mais tarde se ia misturando com a neblina e abafando a natureza. A passarada não desistia e dava sinal.
Primeira paragem: centro médico ayurveda (“ciência” médica oficial da Índia; medicina tradicional eficaz, dizem). Tinha-me queixado de dores numa perna, mas as massagens já eram para mãos, pés, cabeça etc. Saí a correr! Que chatos!
Descer a montanha até à costa foi um suplício, curva sim, curva sim. Tive de parar com a tortura e mais umas fotos a uma cascata e compra de… pedras. O motorista dizia que eram pedras da rua. Sendo assim, só no Sri Lanka é que se encontra em qualquer lado quartzo, por exemplo. Duvido.
Íamos em direcção a Galle. Pelo caminho, mais artesanato da zona e toca a provar uma sobremesa, curd. Desisti à primeira colherada da taça de leite de búfala cozido com mel de coco por cima. Os cingaleses adoram. Bom proveito!

Vestígios portugueses aqui?

Bordejando a costa sul, chegámos à cidade, outrora portuguesa e mais tarde holandesa. É esta traça que guarda em quase todos os seus vestígios. Decidi percorrer a pé o Forte de origem portuguesa, conquistado e reconstruído holandês. Entretanto, comprei pedras preciosas – eu que resisti sempre – moonstones (pedra lunar). Quatro carates: 20€. Baratas, acho. Quem ficou a perder foi o motorista que não recebeu comissão porque não tinha ido. Mas esta compra seguiu-se ao pedido que uma pessoa, já velhota, me fez: traduzir quatro palavras para português. Iam receber um grupo de portugueses em breve e a loja não tinha nada escrito em português. Ainda, desde o alto do Forte pude assistir, como tantos outros nativos e outros turistas, a um jogo de críquete. Umas fotos e fui embora. Que seca! Não conheço nada sobre as regras.
Estava cansado. Em Hikkadwa, almocei um arroz vegetariano. A oportunidade de ver os pescadores em cima das estacas ficou gorada, pois não eram horas e tinha de ir. Só havia estacas. Bom… para o hotel.

As tartarugas que restaram depois do Tsunami

Em Hikkadwa, a praia até era bonita, tendo em conta que as que vi na costa sul não me atraíam. Levantei-me bastante cedo e fui dar uma volta na praia.
Pequeno-almoço tomado e aí vou eu até Negombo, cidade ao lado do aeroporto, o último destino antes de regressar.
Ainda fiz uma paragem para ver tartarugas. Também fora de tempo porque todos os dias, bem cedo, se pode assistir à caminhada até ao mar de tartarugas recém-nascidas. Nunca tinha visto esses animais com tal tamanho, além da rara tartaruga-albina que, segundo o homem que me guiou – ficou sem nada aquando do tsunami –, aparece uma em cada 2 milhões.
Para evitar passar por Colombo, sexta-feira com trânsito caótico, quilómetros e quilómetros de filas, fomos dar uma volta pelo interior. Que dor de costas! Muito tempo em estradas em mau estado. E foi decrescendo a qualidade dos hotéis. Este último foi o piorzito!

Às voltas para meter a mochila no porão
Ora, lá vou eu embarcar. Para sair do Sri Lanka, ainda tive um berbicacho no aeroporto. Não me deixavam fazer o check-in com tanto peso como bagagem de mão. É preciso trocar, de novo, dinheiro para pagar o seu transporte no porão. Ora, só consegui trocar 11 ringgit (Malásia) que deu 315 rupias, mas precisava 350. Toca a trocar dólares de Hong Kong. Bem queria, mas ninguém trocava. E agora? No check-in ninguém me dava solução. Depois de muitas voltas para trás e para a frente, o responsável da companhia aérea resolveu aceitar as rupias que tinha. Pude embarcar, finalmente!
E cheguei a Kuala Lumpur. Imagine-se, faminto! Durante o resto do dia e o dia seguinte, comi refeições “decentes”: McDonald’s!!! yupiiiii!
Pernoitei num hotel low cost, ao lado do aeroporto. Quarto muito pequeno, mas com uma cama… que saudades! Curiosidade: a Internet era gratuita, mas o local onde estava era um iglu. – Não vá passar aí o dia!

Último dia, domingo
Dormi até começarem a falar no exterior do quarto. Chineses!
O pequeno-almoço era fraquinho: uma minissandes de atum e uma chávena de chá.
Agora, espera de 6h no aeroporto. Ainda tenho que acabar o livro!
Aterragem em Macau. A saída do avião só foi possível meia hora depois, devido à reparação de uma avaria. HAAAAAAAA…
** Ficaram por visitar alguns locais a que gostaria de ter ido. Talvez um dia! Há tantos outros!

Por Roger

Kota Kinabalu – o paraíso das ilhas (Malásia)

Quando vemos a Malásia nos cartazes turísticos ou nos postais, vemos praias paradisíacas. Sim, é verdade elas existem, no entanto, in locu o ambiente não é assim tão paradisíaco. Normalmente, são os empreedimentos turísticos que fazem com que tudo seja mais encantatório. Ora nós decidimos ficar num hotel na cidade de Kota kinabalu. Acontece que a cidade não tem praias, a não ser que apanhemos pequenas embarcações a motor para ir até às ilhas, demorando cerca de 45 minutos. A verdade é que se tivesse ficado num resort, estaria mais confortável (e pagaria muuitto mais), mas não passaria pela aventura de andar assim pelo mar, embatendo contra as ondas até chegar às ilhas. Chegámos e chovia, muito. A cidade não tem nada para ver, por isso foi complicado encontrar algo para que pudéssemos aproveitar o pouco tempo que por aqui estaríamos. Numa agência de viagens compramos um tour até uma vila cultural chamada Mari-Mari, que retrata a vida do povo indígena. Casinhas tradicionais e hábitos culturais que pudemos ver e em que pudemos participar, como o trampolim, que para mim foi o meu ponto alto, apesar de estar ligeiramente lesionada do meu tornozelo. Em tudo o que podia, participava. Já o R. decidiu meter-se na passa das “barbas de milho”. Sabem como é, havia que criar laços fraternos com os nossos amiguinhos “indígenas”. Foi uma experiência divertida. Fizemos o nosso próprio jantar, ou pelo menos parte dele, provámos os doces tradicionais e deixámo-nos levar pelo tempo. No dia seguinte a “escalada” era outra e fomos até à floresta. Caminhámos em pontes que me apertavam o coração, de tão altas, estreitas e baloiçantes que eram; metemos os pés em água quente sulfurosa natural numas termas; pagámos …e bem…para ver uma raflésia em flor, numa propriedade privada de uns camponeses que cobravam só para vermos as raras e gigantes flores que só existem nesta parte do mundo. A subida ao monte Kinabalu ficou para outra altura…
Ir até às ilhas “fazer praia” era a única solução. Primeiro experimentámos uma, depois outra. Na primeira, instalou-se a desilusão porque havia tantos corais que não dava para nadar e andar metida na água à vontade, mas apenas observar os peixes ou molhar os pés. Até comprei um bikini de propósito (para desenrascar, já que o meu tinha ficado em terras de Macau), muito bonito com top a tapar tudo e cueca com saiinha de folhos …liiinda!!! (não, não está nas fotografias ahahahah). Na ilha para onde fomos no dia seguinte já foi melhor, dava para andar na água. Foi neste pequeno pormenor que me senti enganada pela publicidade. As praias parecem paradisíacas, mas não são assim tanto, para não falar de que estavam bastante cheias e onde não se podia ficar para além das 17h que era a hora do último barco (a não ser que pagássemos mais).
Andar nos mercados é também um “must” para mim, contactar com os locais. O R. encantou-se com um tipo de arroz preto, comprou um saquinho e, já em Macau, fez um risoto maravilhoso. Tenho dito.

Malaca – a pequena cidade histórica (Património mundial)

Por aqui passaram portugueses, holandeses, britânicos, chineses e quantos mais, assim como nós. Os chineses esses mantêm-se de pedra e cal. Aliás, lembro-me de um pequeno episódio em que apanhámos um táxi conduzido por um chinês, que já levava uma cliente, mas pelos vistos é normal apanharem mais clientes (boa política ecológica!), até ao centro da cidade de Malaca. Para além da economia ambiental, o carro também teria economia de manutenção e afins e o motorista, com os seus olhos em bico, também teria economia de visão. Começou a chover, e muito, e o limpa pára-brisas parecia mover-se apenas porque aquele mecanismo ainda funcionava porque limpar….não limpava nada. O Sr. Motorista conduzia por instinto certamente. Já no centro da cidade, tivemos que esperar que a chuva passasse, junto aos Correios onde era proibido entrar de capacete e falar ao telemóvel. Ao lado um cartaz anunciava que era possível passar uma noite no museu marítimo em forma de caravela: “A nite in the museum” (sim nite). O meio de transporte mais caricato é o riquexó, enfeitado com fitas de enfeitar as árvores de natal, flores de plástico, bonecos de pelúcia, e música em alto som. À noite acendiam-se as luzinhas de natal e era a atracção turística. Também experimentámos um outro meio de transporte que foi o autocarro da cidade para visitarmos o bairro dos portugueses, que ficava um pouco distante do centro histórico. Desengane-se quem pense que aqui vai encontrar um bairro com arquitectura colonial portuguesa. O bairro original não existe mais. Muitos séculos passaram. Manteve-se a cultura cristang, aliás que é também o nome da comunidade, resultante da mistura entre Portugueses, Malaios e/ou Indianos, as placas com os nomes de ruas e a língua. O crioulo falado é o papiaçam cristang, um pouco parecido com o patuá de Macau. Tivemos oportunidade de sentar com um grupo de pessoas locais que falavam o crioulo, mas com quem percebemos ser difícil de comunicar, mudando muitas vezes para o inglês. Um grupo muito simpático que nos acolheu muito bem no seu café de bairro.
O bairro chinês de Malaca, que pertence ao património histórico da humanidade, é onde se desenvolve parte da vida diurna e nocturna. Esta comunidade mantém-se firme, com uma bonita arquitectura e novas gerações de chineses, já de raízes malaias, mas continuando a praticar a cultura chinesa e a sua língua. Neste bairro existe um templo chinês, uma mesquita, um templo indiano e uma igreja, reflexo da miscelânea cultural desta cidade(e do país).
O bairro, com casas tipicamente malaias, ficava num outro ponto da cidade. Umas mais engalanadas do que outras. Pessoas simpáticas. Não foi possível vê-las por dentro pois seria invasão.
Quando provámos a “malacca portuguese food” simplesmente comemos comida malaia com raízes na comida portuguesa de há muitos anos. É tão diferente que jamais lhe chamaria comida portuguesa, no entanto para quem anda longe do cantinho à beira mar plantado, como nós, imaginar que estamos a comer comida “portuguesa” faz bem às saudades.
A cidade tem bastante oferta em termos de alojamento, desde os mais baratos, aos mais caros. O hotel mais central e que compensa pelo valor que se paga e pelas condições é o Aldo. A cidade é pequena, por isso bastam três dias para visitar todos os pontos de interesse.

Kuala Lumpur - a cidade de todas as culturas e religiões

A cidade de Kuala Lumpur, capital da Malásia, é bastante multicultural. É como se fosse um centro de representação asiática. Vêm-se pessoas da Índia, Bangladesh, Myanmar, Nepal, China, Irão, Arábia Saudita. Como a Malásia é um país maioritariamente muçulmano, vêem-se bastantes imigrantes de origem árabe, e portanto vêem-se muitas mulheres tapadas dos pés à cabeça com túnicas pretas. Os dois dias que ficámos na cidade, ficámos alojados na Chinatown cá do sítio. Um local bastante animado e agitado perto de alguns pontos de interesse como a Merdeka, onde se situa o palácio do antigo sultão; o mercado central, mas que de mercado pouco tem, tendo mais o perfil de Centro Comercial; e perto do metro que nos levou até às Petronas, que foram outrora as torres mais altas do mundo. De resto, a cidade é pouco interessante e sem apoio para turistas, ou seja, encontrar um posto turístico nunca encontrámos e só percebemos um dia depois que os mapas vendiam-se nas papelarias, e não em todas. Para quem deseja visitar Kuala Lumpur, aconselho mesmo uma visita rápida, de passagem para outro local. Para mim dois dias foi mais que muito.

Nas nossas voltas pela cidade, decidimos enveredar por uma aventura gastronómica como sempre. (quer dizer, na maioria das vezes as nossas aventuras gastronómicas cingem-se a pão, bananas, água e Macdonalds).Portanto, ao avistar chamuças ao longe, num restaurante indiano, decidimos experimentar, levando em mente os sabores das chamuças portuguesas. Ora, estas eram SUPER picantes. Devíamos ter imaginado….Mas lá se comeram. Em redor, eram só homens e comiam com as mãos. Pela tarde visitámos um parque natural com várias espécies de aves, mas eu cá sou mais amante de felinos. Não dá para fazer festinhas a tucanos ou avestruzes hehehe
Ao jantar, numa aventura bem mais requintada, fomos calhar a um restaurante iraquiano e bem que se comeu!!!!

Pequim (fotos no fim)

Apesar de Pequim ser a capital chinesa (desde 1153), fica distante de Macau (3h30 de avião) e as viagens não são muito baratas. Mas, um ano após os jogos olímpicos decidi ir até lá. Na mala levava algum stress por sair de uma cidade com 500 mil pessoas para entrar numa outra com 17 milhões. Para não falar da língua que me é desconhecida.
Iniciei a viagem de máscara e quando cheguei a Pequim, tirei-a e não voltei a voltei a usar. Andei pelas ruas e no metro e eram raras as pessoas que andavam de máscara. Sentia-me cheia de energia e entusiasmada para ver a Cidade e rapidamente percebi que, apesar de ser de grande dimensão e populosa, é bastante espaçosa. De mapa na mão, sentia que poderia ir a qualquer lugar. No entanto, surgiram-me alguns contratempos: o meu telemóvel pifou…comprei uma bateria , depois quando acabou a energia não dava para carregar… o cartão ficou sem saldo… …comprei um cartão com um número chinês. No meio disto tudo, tive de comunicar com pessoas chinesas, mas valeu-me haver sempre alguém por perto que sabia inglês.
Os bairros
Fiquei alojada em casa de uma amiga, o que ainda se tornou mais interessante, pois consegui sentir a vida da comunidade daquele bairro…os idosos de tarja no braço a dizer algo como “segurança do bairro”, as senhoras dos pés pequeninos, outrora enfaixados, as bicicletas de todas as cores e feitios.
Uma das primeiras mensagens que vi numa montra de uma loja dizia “Foreigner press please help”. Tratava-se de mais um edifício que está prestes a ser demolido, mas o proprietário não quer ir embora. Por norma, julgam que os jornalistas estrangeiros são os grandes salvadores dos seus problemas. Mas o destino está traçado, não se sabe é quando será executada a “sentença”.
Algumas das pequenas casas antigas dos bairros (hutong) sobrevivem, servindo umas ainda como casas de habitação ou de comércio tradicional, outras transformam-se em lojas modernas. Umas das ruas, que pode ser designada de “rua dos 800m”, está repleta de lojas, porta sim, porta sim, durante cerca de 800m. E parece estar a ser uma moda nestas zonas, aumentando a especulação imobiliária. Um ponto menos agradável são as casas de banho públicas que existem espalhadas pela cidade. Conseguem ter um cheiro nauseabundo à distância.
Durante as minhas caminhadas pela cidade, notei que as pessoas são simpáticas, mas não efusivas, pois cada qual vai vivendo o seu quotidiano.
As visitas à turista
Quanto a visitas, visitei a grandiosa praça de Tianamen, onde os fotógrafos locais transportavam uma mala com uma impressora miniatura dentro onde imprimiam na hora as fotos que tiravam. Os chineses são mesmo um povo fantástico para fazer pela vida, para encontrar formas de sustento. Nesse mesmo dia, dei um salto ao “ovo”, que adquiriu este nome pela forma arquitectónica que ostenta, e que é na realidade o Centro Nacional de Artes Performativas. É uma bonita obra de arquitectura! Dei também uma volta por alguns jardins exteriores à Cidade Proibida. Para um dia já chega de visitas e passeios, uma vez que por aqui é tudo tão extenso que quando damos conta já andámos centenas de metros ou mesmo quilòmetros. No dia seguinte, visitei a misteriosa cidade proibida. Estava tanto calor, tanta gente, acima de tudo turistas chineses, que, a dada altura, só queria sair de lá.
Uma viagem de autocarro para lado nenhum
Para chegar mais rápido a casa da minha amiga e descansar, decidi ir de autocarro até ao metro mais próximo. Claro que o bilhete que comprei foi para me perder. Sentia que estava cada vez a afastar-me mais do centro. No autocarro ia de pé e não havia ar condicionado. Eram 14h e nem tinha almoçado ainda. Já estava a começar a sentir-me mal. Até que achei ser melhor sair na paragem seguinte, onde houvesse movimentação de pessoas. De notar que a esta altura ainda não tinha resolvido o meu problema do telemóvel, portanto estava sem possibilidade de contactar quem quer que fosse. Entrei no Mcdonalds para comer algo. Aí, pedi o telemóvel a uns putos para poder ligar à minha amiga e dizer que estava tudo bem. Foram impecáveis. Neste dia quando cheguei a casa da minha amiga, deitei-me para descansar um pouco e dormi que nem uma pedra.
A vida no Templo do Céu
Mais um dia, mais uma visita, desta vez ao Templo do Céu. Para mim, a visita ao templo do céu e jardim envolvente foi revigorante devido à vida social que nele existia e pelo parque de cedros e pequenos pinheiros de perder de vista. Mais tarde, visitei o parque olímpico: cubo de água e ninho de pássaro, enevoados pela poluição e sempre alvo de romaria dos chineses. Depois, seno fácil o acesso por metro, fui visitar um enorme templo budista, onde me colei a uma visita Guida de espanhóis. Ao final do dia há lugar a desporto, como os patins em linha e também manifestações desportivo-culturais ao jeito chinês ao som de música (percussão) ao vivo. Num dia só, penso que andei uns 15km a pé.
A comida é diferente de Macau, mais avinagrada, mas é boa. Mas, o ponto alto foi o restaurante russo, por ser algo diferente para mim.
A frustração da grande muralha
No dia anterior ao meu regresso a Macau, estava prevista uma visita à Grande Muralha. A ansiedade estava ao rubro. O dia acordou bonito. Eu e a minha amiga tentámos procurar um táxi para percorrer os cerca de 80 km até um dos troços da muralha. Grande aventura. Aventura porque pagámos o bilhete de entrada, o bilhete do teleférico e ao, chegarmos lá, fomos avisadas que, por causa da trovoada, teríamos que esperar. Ora decidimos reaver o dinheiro do teleférico e subir uma longa escadaria até à muralha. A tarefa não se adivinhava fácil, mas haveríamos de conseguir. Mas o tempo começou a agravar-se e já devíamos ir quase a meio do caminho. Agravou de tal maneira que escureceu e começou a chover…tivemos que voltar para trás…chovia imenso e era preciso descer com cuidado para não escorregar. Não havia guarda-chuva….chegámos perto de uma barraca encharcadas e onde os espertos dos chineses já estavam a vender guarda-chuvas e capas de chuva.
Comprámos umas capas para seguir até ao táxi. Definitivamente, a visita à muralha ficou adiada até um dia, um dia…. A roupa foi secando no corpo até chegarmos à capital, onde se notava também os efeitos do mau tempo, com algumas ruas inundadas.
O distrito das artes
No último dia, fui visitar o distrito das artes chamado 798, em que alguns pavilhões de fábricas foram transformados em galerias de arte. Ainda se vêem algumas fábricas a laborar. O ambiente é interessante, pois respira-se arte em qualquer ponto. O distrito é grande e o tempo era escasso. Era hora de ir embora. Obrigada à MJB por me ter aberto as portas de sua casa e por me ter mostrado um pouco de Pequim, sem ser de um ponto de vista estritamente turístico. É assim que eu gosto.

Último contratempo: 3 horas fechada no avião no aeroporto por causa de uma tempestade repentina, semelhante à tempestade que apanhei na zona da grande muralha. Com estas 3 horas chegaria a Macau.

“Viajar é o meu vício.” Sandra Gomes

Nestas férias pela Ásia, o destino foi a capital chinesa e alguns locais na Malásia.
Eis o percurso da viagem:

Pequim, China – 5 dias 17-22 Julho
Macau até Pequim – Avião + comboio (3h30m + 20min)

Pequim até Macau – Avião + táxi (3h dentro do avião à espera que a tempestade passasse + 3h30min de viagem + 15min até casa)
Malásia:
Macau – Kuala Lumpur – avião low cost + expresso (3h30 + 45min)
Kuala Lumpur - 2 dias 23-25 Julho – metro + calcantes

Kuala Lumpur - Malaca – expresso (2h)
Malaca – 3 dias 26 – 29 – autocarro + calcantes + riquexó + táxi + boleia

Malaca – Kuala Lumpur – expresso (2h)
Kuala Lumpur – Kota Kinabalu – avião low cost (2h30)
Kota Kinabalu – 5 dias 29 Julho-2Agosto

Kota Kinabalu – Macau – avião low cost (4h)

nota: em posts seguintes colocarei algumas impressões destas viagens e fotos, claro está.